Associação Portuguesa de Rheine comemora bodas de ouro

A Associação Portuguesa de Rheine (APR) comemorou ontem, 13 de maio de 2017, os seus 50 anos de existência.

Numa sala onde se encontravam o Presidente da Câmara de Rheine, algumas entidades representativas da vida política e desportiva alemãs, bem como membros ativos da APR e alguns patrocinadores, todos os presentes tiveram a oportunidade de recordar o nascimento e o significado desta associação para a comunidade portuguesa.

José Azevedo, filho de um dos fundadores da APR, apresentou uma viagem que se iniciou em 1965, com a vinda dos primeiros “Gastarbeiter” (os emigrantes) para Rheine, para trabalharem no setor têxtil, e se prolongou até aos dias de hoje. No seu discurso fez referência à entreajuda que a comunidade portuguesa de então praticava, uma altura em que os portugueses que já residiam há mais tempo nesta localidade, auxiliavam os recém-chegados. Esta foi também uma época em que por norma vinham apenas os homens para a Alemanha e apenas posteriormente “mandavam vir” as suas esposas. Se estas se conseguissem integrar, então vinham finalmente os filhos de Portugal. Foi no fundo esta situação de neccessidade de entreajuda mútua entre a comunidade portuguesa, bem como a troca de experiências, as atividades de tempos livres e o futebol, entre outras, que levou à criação da APR a 13 de maio de 1967.

Os fundadores desta associação foram Nuno Azevedo Fonseca, Armando Galvão Trindade, Ernesto Oliveira Silva, o padre Xavier Almeida, Júlio Monteiro Moura, Fernando Baptista, António Queiroz Matos e Sebastião Tião, alguns dos quais já não se encontram entre nós.

Nos anos 80, a APR mudou as suas instalações e teve então oportunidade de ter o seu próprio campo de futebol. Também o folclore teve um papel preponderante, tendo mais tarde dado origem ao grupo “Âncora do Mar”. Foi no entanto no futebol que se somaram muitas vitórias e, apesar de a equipa ter sido registada como “Portugiesisches Freizeitzentrum e.V.”, a imprensa alemã rapidamente a batizou de “Portu Rheine”.

Ainda hoje, é através do futebol que se verifica a integração de pessoas de outras nacionalidades na comunidade de Rheine.

O Presidente da Câmara de Rheine, Dr. Peter Lüttmann considerou a comunidade portuguesa residente nessa cidade exemplar para muitas outras nações, tendo referido serem um bom exemplo de uma integração muito bem sucedida. Relembrou também, que, apesar de os primeiros “Gastarbeiter” terem vindo para Rheine há pouco mais de 50 anos, desde sempre estiveram muito bem integrados, nunca tendo esquecido a sua cultura, as suas tradições bem como as suas suas raízes, o que considera louvável, uma vez que já é a terceira geração de emigrantes portugueses que reside naquela cidade e que continua com uma estreita ligação a Portugal. Referiu ainda que ele próprio teve o primeiro contacto com a comunidade portuguesa como criança nos jogos de futebol e considera fantástico como portugueses e alemães cantam maioritariamente em português no coro “Alegria”.

O coro “Alegria”, um coro misto, que ao longo da noite presenteou o público com músicas tradicionais portuguesas e com um comovente momento alto de “Avé Maria”, em honra à visita papal e ao centenário do 13 de maio em Portugal, é composto por 17 pessoas que se encontram quinzenalmente para ensaiar no Centro St.o Antonio, um centro intercultural de Rheine. Reinhild Rook e Alda Brito são os elementos mais antigos do coro, que surgiu no ano de 1992, aquando da preparação da geminação da cidade de Rheine com a cidade portuguesa de Leiria, numa altura em que um professor alemão sugeriu por portugueses e alemães a cantar juntos. Desde essa altura, os ensaios são também momentos para degustar de um copo de vinho tinto e por vezes de algumas iguarias tipicamente portuguesas.

O jovem presidente da APR Tiago Guimarães, eleito há pouco mais de um ano, emigrou com os seus pais para a Alemanha com 5 anos de idade. Já o seu avô fora membro da APR e também os seus pais e tios encontraram um ponto de encontro da comunidade portuguesa nesta associação. O Tiago veio para a APR através do futebol, desporto que ainda pratica. Confessou que o que o deixa muito orgulhoso é verificar-se a integração de muitas nações através do futebol e também o facto de as instalações da APR serem visitadas por pessoas de diferentes culturas.

O Correio Luso deseja à APR muitos anos de existência em prol da comunidade portuguesa e agradece toda a sua dedicação e esforço nas mais diversas áreas.
Bem-hajam!

[www.correioluso.de | Mirele Oliveira Costa]

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